Representatividade feminina em posições de liderança na UFU é discutida no mês da mulher
Por: Bruna Paula e Eloisa Oliveira
O cenário enfrentado por mulheres na UFU ainda é de desequilíbrio entre gêneros. De acordo com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep/UFU), as mulheres são a minoria em cargos de poder dentro da Universidade: dos cargos comissionados, enquanto 57% são ocupados por homens, apenas 43% são de presença feminina.
Durante o mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, essa discussão fica mais evidente. “É importante que nós mulheres ocupemos o espaço de poder de decisão. Que estejamos no espaço de discussão, no município e dentro da UFU”, afirma Roberta Pereira, 27, coordenadora geral do DCE. Estudante de Engenharia Ambiental, ingressou no campo da política em 2021, quando foi convidada para fazer parte do movimento de eco trabalhismo do Partido Democrático Trabalhista (PDT).
A partir disso, Roberta conheceu pessoas novas, se interessou por discussões políticas e chegou até o DCE, em 2023, com a chapa Novo Tempo. "É um machismo estruturado da sociedade. Então, hoje em dia, os homens ainda camuflam mais, porque antigamente era uma coisa descarada”, destaca. Dentro do próprio Diretório, ela observa que a representatividade feminina ainda é pequena. “O que a gente vê geralmente é essa complementação da chapa. Chamar as mulheres só quando precisa, mas não incluir elas antes”.
De acordo com a estudante, o pensamento de alguns homens ao formarem chapas é ter uma porcentagem de mulheres para evitar críticas. Na política, ela encontrou um lugar em que pode mudar as coisas e lutar pela equidade de gênero. “É importante as mulheres se envolverem com política para se defenderem. É uma coisa que não dá para fugir, tudo é política”, afirma Roberta.
Segundo dados do DCE, na coordenação geral do Diretório há apenas 2 mulheres, de 6 coordenadores. Na diretoria executiva, são 4 mulheres de um grupo de 12 pessoas. Já quanto ao número total de participantes do DCE, dentre as 210 pessoas, as mulheres representam aproximadamente 52% do grupo, com 112 integrantes.
Mesmo diante dos desafios para uma participação mais equilibrada, Roberta pondera que alguns colegas do DCE já reconhecem a importância da participação feminina nesses espaços. “Mas desde o começo um dos coordenadores gerais sempre me procurava e falava assim, ‘dá uma palavra, você é mulher, é importante você estar aqui’”.
Ser incluída pelos colegas foi importante para sua entrada na chapa e no diretório, fazendo com que ela se sentisse mais segura de sua posição. “Eu tive muitas oportunidades que eu nunca teria antes. Eu achava isso muito legal no começo, sabe? Nossa, estão me dando espaço”, relembra Roberta.
A estudante também afirma que o DCE tem preparado workshops e palestras sobre empoderamento feminino na política. “Nós temos preocupação em debater esse tema tão relevante, que vai ajudar os jovens a entender a importância da mulher na política e sua representatividade”.
Desigualdade na Política Institucional
A falta de representatividade feminina em cargos de poder não é exclusividade da UFU. No município, a desigualdade também prevalece. A vereadora Thais Andrade, do Partido Verde (PV), destaca que se posicionar em ambientes predominantemente masculinos é um desafio para ela.
Dos 27 vereadores eleitos para a Câmara Municipal de Uberlândia em 2020, apenas 8 eram mulheres, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse valor representa apenas cerca de 29% do legislativo da cidade. No país em geral, a desigualdade também é aparente em dados do TSE, embora as mulheres representam 53% do eleitorado, ocupando menos de 15% em cargos eletivos.
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