Por: Rodolfo Ferreira
Em uma casa à beira de um penhasco, onde os ventos sussurram sussurravam segredos antigos e as paredes têm tinham ouvidos curiosos, vivia um armário e uma cama. O armário, com suas portas altas de mogno maciço, guardava confidências segredos tão antigos longínquas quanto o próprio tempo, enquanto a cama, com seus lençoislençóis de cetim e travesseiros de plumas, oferecia o conforto dos sonhos mais profundos. Entre eles, um amor não correspondido florescia em silêncio.
O armário, com sua estrutura imponente, nutria um amor ardente pela cama. Todas as noites, enquanto ela se entregava aos sonhos, ele a observava em silêncio, desejando abrir suas portas e revelar seus tesouros para conquistar seu coração. No entanto, a cama tinha olhos apenas para o abajur, cuja luz suave a acariciava nas noites escuras, criando uma aura de romance e mistério.
O abajur, consciente do amor não correspondido do armário, tentava ser discreto em suas visitas noturnas à cama. No entanto, sua própria paixão pela cama era inegável, e ele se entregava a ela sem reservas, iluminando seus sonhos com sua luz dourada. Enquanto isso, o armário sofria em silêncio, suas portas cerradas escondiam sua dor e solidão.
Mas em uma noite de lua cheia, quando as sombras dançavam ao redor da casa e os ventos sussurravam segredos ainda mais profundos, algo extraordinário aconteceu. O armário, cansado de sofrer em silêncio, abriu suas portas e revelou algo mais íntimo para a escrivaninha, que até então o observava quieta do outro lado do quarto.
A escrivaninha, com sua superfície de carvalho polido e gavetas repletas de papeispapéis e canetas, ouviu atentamente as confissões do armário. E, à medida que ele falava sobre seu amor platônico pela cama, algo surpreendente aconteceu: a escrivaninha começou a nutrir um sentimento especial pelo armário. Seus compartimentos se abriram, revelando seus próprios segredos e desejos mais profundos.
Assim, depois do armário se abrir em meio à lua uivante daquela noite mágica, um novo amor florescia na casa à beira do penhasco. O armário encontrou consolo nos braços vívidos e acolhedores da escrivaninha, enquanto a cama e o abajur continuavam seu romance sob a luz da lua. E juntos, armário e escrivaninha, que sempre conviveram frente um ao outro, descobriram que o amor pode ser encontrado nos lugares mais inesperados e em momentos mais imprevistos. Mesmo quando tudo parecer imóvel, ainda há espaço para que os corpos se entrelaçem afetuosamente e se complementem.
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