Após anos de espera, sala de cinema e teatro vão ser inauguradas no segundo semestre de 2024
Por Enzo Stroppa e Igor Fernandes
Na universidade, espaços como salas de teatro e cinema se provam de extrema importância. E é nesse contexto que a voz de Lara Pires: DJ, cineasta e atriz, formada pela UFU; carrega uma bagagem rica de experiências e uma visão ampla sobre a importância da cultura e dos ambientes na formação acadêmica. A artista já concorreu a prêmios importantes no cenário mundial e mesmo assim ela não recebeu o reconhecimento na cidade natal.
O cinema e o teatro desempenham um papel significativo na reflexão sobre a sociedade, mesmo ao apresentar narrativas fictícias. Por meio dessas histórias, é possível identificar e compreender aspectos relevantes da vida em sociedade que, muitas vezes, passam despercebidos no cotidiano, devido à imersão em padrões estabelecidos.
Em 2009, a UFU iniciou a construção de uma sala que unia Cinema e Teatro num mesmo espaço. Em 2012, problemas orçamentários interromperam o processo. Porém, em 2023, a universidade conseguiu R$1 milhão do Ministério da Educação por ação da deputada federal Dandara e esforços da Prefeitura Universitária e Pró-Reitoria de Assistência Estudantil. Segundo Alexandre Molina, diretor de Cultura da UFU, a finalização da obra está prevista para o próximo semestre de 2024, agora, serão dois ambientes ao invés de um.
NA VISÃO DA ESPECIALISTA
Para Lara, essa inauguração representa muito mais do que simplesmente a abertura de novos espaços. É um marco que simboliza o compromisso da universidade com a arte e a cultura, e também a democratização do acesso a essas formas de expressão, mesmo que de forma tardia.
A jovem explica que criar ambientes onde os estudantes possam cumprir os compromissos acadêmicos, praticar e vivenciar a arte é extremamente importante. Ela diz que a falta do teatro e do cinema na UFU é uma dificuldade quando os estudantes tentam explorar questões sociais, culturais e humanas. “Ter espaços dedicados a essas artes dentro da universidade não apenas enriquece a experiência dos alunos, mas também fortalece o diálogo e a reflexão”, salienta Lara.
A multiartista destacou os problemas que implicam a falta de um local adequado dentro de uma Universidade que oferece o curso de Teatro. Ela conta que produziu filmes premiados e que não foram explorados de maneira devida em Uberlândia, mas sim fora daqui, como é o caso do curta-metragem “3 Luas”, o qual fez parte de uma pré-seleção de indicação ao Oscar. Ainda, complementa que a ausência de um cinema na UFU fez com que alguns dos seus trabalhos (apresentados em festivais nacionais e internacionais) nunca fossem exibidos na UFU.
O FUTURO DO CINEMA NA UFU
A partir da falta de democratização da sétima arte, é criado uma discussão sobre essa cultura no interior do Brasil, ou até mesmo, no país todo. As obras são, na maioria, independentes e conseguem pouco apoio, consequentemente alcançam um público menor. Em uma tentativa de abrir os olhos da população brasileira sobre a importância do cinema nacional, em janeiro deste ano, o governo Lula sancionou uma lei que retoma cotas para produções tupiniquins no cinema e na TV paga. As novas regras tiveram origem em projetos apresentados no Congresso Nacional e devem ser cumpridas por empresas de salas de cinema como previsto na Lei 14.814/2024 até 2033 e por canais de assinatura até 2038 de acordo com a Lei 14.815/2024.
Alexandre Molina, diretor de cultura da UFU, entende que essa difusão do cinema nacional para o público uberlandense é extremamente importante, e explica que o ideal inicial do espaço, é atender a demanda de três principais grupos que produzem filmes: os artistas da instituição, egressos, e também produções regionais. “Nos interessa, do ponto de vista político, observar que tipo de produção não tem chegado a Uberlândia, pois talvez não esteja no radar dos cinemas ligados aos Shopping Centers”, ressalta Alexandre, que vê com bons olhos a exibição de produções latinoamericanas.
O teatro e o cinema podem servir como ponte entre a universidade e a comunidade local. Eles oferecem oportunidades para parcerias e colaborações com escolas, grupos artísticos locais, instituições culturais e empresas, enriquecendo o ambiente cultural e promovendo o engajamento cívico. Além disso, a sala de teatro da UFU deve ser a segunda maior em capacidade total da cidade de Uberlândia, com 220 lugares, ficando atrás apenas do Teatro Municipal com 781 assentos.
A inauguração prevista para o segundo semestre de 2024 promete não só suprir uma falta, mas sim, projetar o futuro de uma universidade que conta com setenta e cinco cursos superiores. Lara Pires sugere, com a implementação do cinema na UFU, um futuro em que a universidade, que ela se formou em artes cênicas, possua o próprio curso de Cinema.
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