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A colina monumental e a sua quarta queda

Atualizado: 29 de nov. de 2021

Por Betina Scaramussa


Tetra. Galvão. Quatro vezes. 2008, 2013, 2015 e 2020. Ah, Vasco da Gama, o que será da sua história? Na primeira vez, a imagem emblemática do torcedor em cima no estádio marcou gerações. A minha com certeza. Talvez a primeira vez fosse mais triste, mesmo. Mas e a quarta? Já passamos a vez de pedir música para o programa dominical na Globo.


Sua imensa torcida, a mais feliz, é rebaixada pela quarta vez. Na última partida, a esperança ainda gritava na sala: o jogo acaba quando o juiz apita. E, mais uma vez, ele apitou e decretou aquilo que na vida aprendemos desde cedo: tudo que se planta, se colhe. É bíblico.


O time se tornou a equipe com mais rebaixamentos entre os grandes dos cariocas, paulistas, gaúchos e mineiros. Dependia de um milagre de doze gols, mas talvez esses gols tenham sido levados para fora das quatro linhas há muito tempo. Demissões, empréstimos, comissões, técnicos, empresários, patrocinadores, jogadores, dinheiro, multa, brigas, justiça e política. Sistema fora de campo refletindo fora.


Quem dera se os quatro rebaixamentos acontecessem somente dentro dos gramados. Era fácil: muda o comando. O problema é que, como na vida, nem sempre as dificuldades estão na beira de um gramado. A vida vai muito além das quatro linhas. Qualquer um consegue fazer a relação de alguém e o Vasco. Afinal, o sofrimento nos jogos é normal. Fora do campo, aí são outros 45 minutos.

Paródia da música "É uma partida de futebol" da banda Skank composta pela autora. Arte: Betina Scaramussa

A vida do Vasco no ano de 2011 era excelente. Copa do Brasil e vice no Brasileiro. Dois anos seguintes, a bola perdida de Diego Souza que parou na trave corintiana. Dez anos depois, o time saiu dos trilhos e nunca mais voltou.


A questão é que, como nos rebaixamentos, a vida tem se resumido a grandes jogos. Cada lance, disputa e jogo tem sido tratado como decisão, afinal, em anos tão atípicos nunca se falou tanto no valor da vida.


Na beira das quatro linhas e na vida, talvez estilos de jogo adotados interfiram nos rebaixamentos diários. Ver a vida como um jogo de futebol. Nem sempre a bola vai entrar e o juiz vai entender. Você irá se machucar. Talvez possa dar tudo errado no jogo, mas ainda dê para celebrar o campeonato.


Samuel Rosa nem sabia da história do Cruzeiro e já cantava: “bola na trave não altera o placar/ que emocionante é uma partida de futebol”. Atenção, sábados e segundas, a vascaína está online.


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