Estudantes universitários contam desafios enfrentados para praticar modalidade individual
Por Felipe Pirovani e Gabriel Augusto
“Eu virei atleta principalmente para poder aprender”, diz Valter Lourenço ao mostrar medalhas conquistadas pela UFU | Foto: Gabriel Augusto
Ainda que a UFU seja uma das maiores universidades brasileiras, a instituição enfrenta problemas, principalmente no esporte, em que quadras e instalações são encontradas em situações precárias. Uma das modalidades que mais sofre com a falta de incentivo é o atletismo, que, devido à pouca adesão do público, enfrenta diversos problemas, levando atletas de alto rendimento a desistirem.
O esporte universitário é uma forma de ingresso em institutos de educação em alguns países. Nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, a equipe de atletismo do Comitê Norte-Americano contava com 17 estudantes do ensino superior dos Estados Unidos. No Brasil, raramente há alunos de universidades disputando as Olimpíadas.
A visão de um atleta universitário
Valter Lucas Lourenço, aluno de Educação Física na UFU e natural de Vazante, no interior de Minas Gerais, é atleta de salto em distância. Ele concilia seus estudos com a prática do atletismo, que começou na infância após um professor enxergar seu potencial. Nesse período, participou de sua primeira competição, classificando-se em primeiro lugar e chegando à etapa estadual do JEMG (Jogos Escolares de Minas Gerais), conquistando a quinta colocação.
O atleta entrou na universidade em 2020, mas prejudicado pela pandemia, retornou à sua cidade natal e só voltou para Uberlândia no final de 2022, quando retomou as competições de atletismo na Olimpíada UFU. Foi então que o aluno deixou sua marca logo na primeira competição, ao bater o recorde da modalidade.
No ano de 2023, Valter se preparava para as competições com treinamento no Sesi de Uberlândia. Apesar de não ser um atleta federado, ele representa a UFU em competições organizadas pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), como os Jogos Universitários de Minas Gerais (JUMs) e os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).
Depois de problemas internos, o estudante deixou de treinar no Sesi e começou a treinar no próprio campus de Educação Física. Porém, no atletismo, as instalações da Universidade são impróprias para que ele alcance o rendimento necessário.
O atleta cita cidades como Lavras e Juiz de Fora, nas quais seus adversários, que integram o JUMs, têm o Centro Regional de Iniciação ao Atletismo (Cria). Uma possível solução para alavancar o atletismo na UFU, visto que é um investimento que auxilia no esporte universitário.
Valter tem como marca pessoal e recorde na Olimpíada UFU 2023 a distância de 6,95 metros. A título de exemplo, nos Jogos Pan-Americanos de 2023, tiveram saltos de 7,03 metros. Ele colocou como objetivo para 2024 saltar 7,25 metros e pediu o auxílio da instituição. "Diferente da equipe de vôlei, basquete, futebol, nós das modalidades individuais não temos equipe”, afirmou o estudante, que além de competir no salto em distância, também compete nos 100 metros rasos.
Junto de seu treinador, o estudante tem interesse em abrir uma equipe para se tornar um atleta federado e disputar competições acima das universitárias, como o Troféu Brasil e até um Pan-Americano. “A gente precisaria de, no mínimo, uma hora na academia para fazer fortalecimento, um treinador para os treinos semanais", completa.
A DIESU
A UFU conta com a Divisão de Esportes e Lazer Universitário (DIESU), cujo objetivo é promover atividades esportivas e recreativas. A divisão oferece uma série de auxílios para os atletas, que incluem apoio financeiro, transporte e horários para treinos.
Carla Mariana, coordenadora da DIESU, conta que os planos buscam proporcionar melhorias para os atletas da UFU. Um deles é a abertura de um processo para a contratação de uma empresa que ofereça apoio e assessoria às equipes de treinamento da faculdade, especialmente às modalidades de natação, judô e atletismo.
Em relação ao uso da academia de musculação, Carla informa que a utilização da estrutura é liberada mediante a presença de um profissional registrado no conselho para acompanhar os atletas. “Existe também a possibilidade da parceria com o Praia Clube se estender para o atletismo e a natação”, declara a coordenadora.
Lucas Henrique, graduado em Educação Física e profissional na área, reforça a importância desse suporte: “Com uma estrutura qualificada, você evita lesões e tem a oportunidade de praticar o esporte de maneira mais correta, sem improvisos”, acrescenta.
Ser atleta e estudante de Educação Física é outro ponto positivo que o profissional destaca para aqueles que desejam seguir carreira no esporte. Lucas defende que o conhecimento teórico aliado à prática proporciona resultados diferentes para o atleta universitário, uma vantagem por conhecer o próprio corpo.
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