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Afetada pela COVID-19, a fisioterapia esportiva se transformou

Atualizado: 29 de nov. de 2021

O contexto pandêmico exigiu adaptações nos tratamentos para o apoio dos atletas


Por Andrei Gobbo


Os cuidados para evitar o contágio no mundo do esporte foram muitos, desde a testagem em massa em cada um dos jogos até o isolamento das equipes em hotéis. Porém, mesmo com protocolos, os casos de COVID-19 se espalharam entre as equipes, com alguns surtos entre os times ocorrendo.


No futebol masculino, tivemos surtos no Uberlândia às vésperas da final do Campeonato Mineiro, em agosto de 2020. Na Série C do Campeonato Brasileiro, em outubro do mesmo ano, a equipe do São Bento também foi afetada, inclusive precisando improvisar o goleiro reserva da equipe como atacante, devido a grande quantidade de infectados na equipe.


Atendimentos com máscaras foram uma das primeiras mudanças que tiveram de ser introduzidas na fisioterapia esportiva. Foto: Freepik

Também teve que se adaptar a essa nova realidade a fisioterapia esportiva, que trata da prevenção de lesões em atletas, do alívio de eventuais, dos cuidados para não retornarem e do preparo físico para os jogos, melhorando performances. A área teve a sua importância reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, o COFFITO, somente em 2007, embora a sua aplicação nos esportes profissionais já ocorresse antes disso, por exemplo, com os massagistas dos clubes.


No dia a dia das sessões de fisioterapia pré-pandemia, os exercícios eram feitos em grandes grupos, como explica a fisioterapeuta esportiva Mariana Rezende, formada pela UFU e especializada pela UFMG. “Antes da pandemia tínhamos uma preocupação menor em relação a sinais de gripe e cansaço, não era problema nenhum chegar um time inteiro e lotar o departamento, com equipes de diversos esportes chegando e fazendo o tratamento em grupo. No período atual não tem como fazer isso mais”.


Por necessitar de contato próximo dos pacientes, a fisioterapia em geral foi fortemente afetada pela pandemia, principalmente o atendimento clínico, em que cada tratamento era feito de maneira próxima aos pacientes, como nos relata a professora de Fisioterapia da UFU, Érica Carolina Campos. Ela diz que a principal adaptação que teve de ser realizada foi em relação ao estabelecimento e reconhecimento dos atendimentos de forma remota, através de aplicativos de mensagens, chamadas de vídeo ou de reuniões virtuais. “Além disso, a atuação fisioterapêutica domiciliar também cresceu bastante na pandemia, pois o paciente não precisa se deslocar para o setor de atendimento e se expor ao risco de contato com outras pessoas”, acrescenta Campos.


Além da adaptação para o atendimento remoto, com treinos e tratamentos em casa, os clubes também sofreram com a pausa abrupta do calendário de eventos esportivos. Alguns torneios e campeonatos foram interrompidos, como os de futebol, outros sendo adiados, como o maior evento poliesportivo do mundo, os Jogos Olímpicos, e outros sendo cancelados e jogados para os anos seguintes.


“Os atletas jovens pararam 100%, mas logo foi organizado para que tivessem um acompanhamento online, criando horários fixos e mantendo os atletas da base sempre em movimento para evitar sedentarismo”, explica Rezende.


Os atletas profissionais também tiveram que se adaptar às sessões presenciais de fisioterapia pós-parada com o retorno dos campeonatos. Segundo Rezende, os atletas profissionais foram divididos em grupos de três para os treinamentos e tratamentos, visando evitar qualquer aglomeração, e com testagem regular para detectar qualquer pessoa infectada. Aos poucos, foi possível aumentar o número de atletas nas sessões, mas nunca abrindo mão da testagem. “Apesar da volta, ainda fazíamos atendimentos por chamadas online para manter esses atletas ativos e com os cuidados devidos”, conclui.


Sobre os jogadores infectados pela COVID, os acometidos por essa doença tem questões individuais que mudam as reações, como enfatiza Érica Campos. “A recuperação pós covid tem um componente de individualidade muito grande, o que dificulta “uniformizar” condutas e tratamentos. Na verdade, as condutas fisioterapêuticas sempre devem ser individualizadas e baseadas em evidências científicas. Estamos diante de uma doença multissistêmica, que pode acometer vários órgãos e deixar suas sequelas.”


Já Mariana Rezende acrescenta que o retorno à forma física ideal é um processo longo, necessitando passar por um processo de recuperação e adaptação acompanhado de perto.


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