O velocista Paulo André tem a oportunidade de dar a volta pelo mundo fazendo o que gosta
Por Allana Lima
Um jovem de 22 anos, graduando em Educação Física, natural de São Paulo e residente no Espírito Santo. Tem como pilares de sua carreira os pais e o irmão. Alvo de muita pressão e torcida. Carrega no peito a marca de empresas que acreditam nele. A cada pedido de foto, responde ao carinho da galera. Roda o mundo pelas pistas. Diverte-se em todas as competições. Já conseguiu em sua carreira o segundo melhor tempo da história nos 100m rasos: 10'02''. Paulo André Camilo de Oliveira, filho do ex-velocista Carlos José Camilo de Oliveira, é a grande promessa do atletismo.
Paulo André faz de cada passagem sua uma nova oportunidade de bater recordes. Na sua primeira participação nos Jogos Universitários Brasileiros, em Maringá (PR), tirou a medalha de ouro do peito de seu adversário catarinense – e, não bastasse isso, bateu o recorde do rapaz. Depois de fazer 10'07'', pegou a medalha máxima no Paraná e arrumou as malas para a Universíada de 2019. Afinal, o sonho do atleta é conhecer diversos lugares através do atletismo.
Quando perguntado sobre a experiência nos Jogos, Paulo André conta que já passou pela cidade de Maringá e "gostou". Ele acredita que esse episódio será um marco na sua carreira após o tempo recorde alcançado, assim como o dia chuvoso na cidade de Bragança Paulista, quando conseguiu a sua melhor marca (aqueles 10'02'') e entrou para a história.
A ideia de bater os dez segundos (e, quem sabe, chegar aos nove) é o que Paulo André mais escuta Brasil afora. “As pessoas param e me falam sempre 'quando vamos bater os 10s?'. E eu brinco e agradeço todo o carinho e a torcida. Isso é bom, já que a pressão que colocam em mim serve como algo positivo”, afirmou ele no distante ano de 2018. O rapaz mal sabia que 2019 seria o seu ano: venceu o Mundial de Revezamentos, disputado em Yokohama, Japão, com a marca de 38'05''. Na Universíada de Verão, realizada em Nápoles, Itália, ganhou dois ouros nos 100m e 200m rasos. O detalhe é que ele venceu os 100m rasos com a marca de 10'09''.
Nos Jogos Pan-Americanos de 2019, realizados em Lima, Peru, Paulo André obteve a medalha de prata nos 100m rasos – prova em que o Brasil não conquistava nenhuma medalha desde 1999 –, além do ouro no revezamento 4x100m rasos. Em agosto, no Troféu Brasil, ele venceu os 100m rasos com a marca de 9'90'', que só não foi validada como novo Recorde Sul-Americano por ter sido obtida com vento de mais 3,2 metros por segundo, sendo que o limite são 2 metros por segundo. No final de setembro, ele foi ao Campeonato Mundial de Atletismo, em Doha, Qatar, onde venceu a eliminatória dos 100m rasos com a marca de 10'11''. A última vez que um brasileiro havia ido à semi do Mundial nessa prova foi em Gotemburgo, lá em 1995.
Na cidade de São Bernardo do Campo, Paulo André já foi reconhecido como estrela. Aconteceu na Praia do Bananal, em seu momento de descanso, quando turistava pela área. No Peru, conquistou dois ouros. No Brasil, o Grande Prêmio Brasil em turnê, que o consagrou bicampeão. E, em Paris (ou melhor, na Torre Eiffel), realizou o seu sonho após o fim de mais um campeonato.
Madri viu o seu sorriso de vitória. A França, um olhar de sonhador. Portugal, a diversão que carrega nas pistas. Lisboa reconheceu o crescimento do garoto e os investimentos colocados nele. A Geórgia trouxe a certeza de que sua carreira não será efêmera. O Rio Grande do Sul o recebeu no pódio para ouro. A Flórida, em treinamentos. O Rio de Janeiro o viu caminhar. E a capital do seu Estado teve a certeza de um futuro brilhante.
Paulo conta que quer ser marcado por onde passar, dando o meu melhor e suprindo as expectativas que o Brasil tem nele. O atleta, que é ex-Sargento da Marinha do Brasil, mostra o seu amor pela pátria – e afirma que, a cada competição em que participa e lugar que conhece, vê uma nova motivação para o próximo desafio. Com os pés no chão, é blindado pela família e a equipe para lidar com pressão, o que lhe confere tranquilidade.
É claro que existem momentos de tensão na vida de Paulo André. Mas quando está dentro da pista, pronto para correr, ele só se diverte. O jovem acredita que tudo é muito rápido e deve ser vivido com intensidade. “Os meus treinos duram dias e horas, mas um tiro dura apenas 11 segundos. Ou melhor, 10'02''”, brinca. E é com esses mesmos olhos que ele vê a sua participação no atletismo, querendo viver com muita leveza e com a oportunidade de conhecer sempre lugares e pessoas diferentes.
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