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Miro na saúde, acerto na morte

Atualizado: 29 de nov. de 2021

Por Gabriel Souza


No dia 24 de março, o governo dava seu aval para um grande passo adiante: o anúncio de um comitê com os três poderes para combater a pandemia de covid-19 no país. Essa medida ocorreu após uma série de críticas em relação à má gestão da crise sanitária, que já matou mais de 400 mil brasileiros e bateu recordes de mortes diárias em abril.


Com isso, a saúde pública poderá proceder e agradecer, futuramente, a participação de governos estaduais e municipais, ministérios e outros órgãos da administração federal, pela elaboração de políticas nacionais uniformes para lidar com a pandemia. Mas somente em um futuro, talvez nem tão próximo assim. Afinal, é só olhar para o quadro de disseminação do vírus e suas variantes para perceber o quanto o governo se autossabotou nesse momento de enfrentamento.


Assim, cabe a reflexão: seria esse um meio para combater o coronavírus ou consertar algo ocasionado pelos próprios governantes? De qualquer forma, a imagem que fica é de um governo desestruturado, que não assume responsabilidade na realidade em que o país se encontra – abusivamente, é preciso sempre recordar – em todos os seus discursos e falas. O que percebemos é um governo que está atropelando questões diretamente relacionadas ao fato de as vítimas dessa horripilante crise serem minimizadas com uma boa gestão e não com o “kit covid-19”, vulgo cloroquina e vermífugos.


"Discutimos também a possibilidade de tratamento precoce, que fica a cargo do novo ministro da Saúde. Uma nova cepa ou novo vírus apareceu. Precisamos dar atendimento adequado às pessoas. Não temos ainda o remédio. [...] Estamos no caminho para o Brasil sair dessa situação complicada", disse o presidente em coletiva de imprensa após o anúncio da criação do comitê.


Para acrescentar ainda mais abusos à lista, apesar da mudança de tom no discurso, o presidente insiste no tratamento precoce – que não tem, até o momento, qualquer evidência científica de eficácia. Ainda assim, considerando o momento que vivenciamos, nota-se que os “resultados” ainda são muito inferiores àquilo que os brasileiros merecem, já que as mortes demonstram picos surpreendentes. Em rede nacional, fomos obrigados a observar discussões infundadas e renúncias de ministros que se recusavam a contribuir com o montante fatal.


Como se não bastasse Bolsonaro ser um dos políticos mais negacionistas do mundo em relação à covid-19, mais de 400 mil brasileiros morreram em consequência das complicações da doença. Em 8 de abril foram 4.249 vidas perdidas em um único dia (pelo menos, as que foram notificadas). As autoridades também registraram mais 86.625 diagnósticos. Até então, eram 13.279.857 casos confirmados no total. O levantar dos três poderes contra esse vírus não se limita a simplesmente ajudar a população, e sim desfazer a má gestão para que não se repitam iniciativas semelhantes ao combate ao novo coronavírus.


Quem tem compromisso com a integridade das instituições democráticas e a defesa da população, ciente de que está em jogo não é apenas economia ou tratamento precoce no combate ao coronavírus, considera que o país não deve sofrer negativamente com os reflexos dessa pandemia. Tampouco, esperam ser culpados por isso.


Estamos diante de um momento decisivo, que pede uma grande e vigorosa mobilização nacional em defesa da vida. A história de um momento singular e emblemático da saúde nacional não pode acabar de maneira tão individual e irresponsável, apagando-se os méritos de todos os que tanto fazem pelo Brasil. De todos os que conscientizam a população, diariamente, sobre ações eficazes nessa luta.


Mais uma vez, são mais de 400 mil vidas perdidas somente no Brasil. 400 mil pessoas. Familiares, amigos, o amor da vida de alguém... histórias interrompidas. A dor é imensa, mas mais uma questão surge: quantas dessas mortes poderiam ter sido evitadas?


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