Por Gabriela Pina
Ações extremas e injustificáveis feitas em nome da muito falada e pouco eficaz “guerra às drogas” são notícias que já fazem parte do nosso cotidiano. Tragicamente, mal culminam em reações dignas de sua gravidade, sobretudo em momentos como o presente, em que a sensação é que cada desgraça é apenas o aquecimento para uma próxima, ainda maior. E isso não é uma realidade exclusivamente brasileira.
Foi anunciado que a Colômbia, nação vizinha ao Brasil, vai retomar uma política que havia sido arquivada em 2015 após a comprovação de sua ineficácia e natureza desumana: uma campanha aérea que sobrevoa as áreas rurais do país pulverizando glifosato. Essa substância é reconhecidamente cancerígena e estudos apontam que pode causar muitos outros danos aos seres humanos que entram em contato com ela do que se tinha conhecimento até então.
Teoricamente, este seria um esforço para que a produção de folha de coca seja prejudicada, mas na prática é o que pode-se considerar uma guerra biológica em um país que está ganhando destaque midiático nos últimos tempos justamente por violar todos os tipos de direitos humanos em várias esferas, em um regime autoritário e de terror constante. Assim como vemos bem mais perto de casa, infelizmente, tais atitudes de teor honestamente genocida, acompanhadas de desculpas como o combate ao narcotráfico [em diferentes estágios], são progressivamente comuns, porém nada menos calamitosas.
Neste caso específico, há também o agravamento do explícito apoio de lideranças internacionais para que esta atrocidade se desenvolva, principalmente dos aclamados presidentes “progressistas” dos Estados Unidos da América e da República Francesa, Joe Biden — que vinha pressionando por uma estratégia como esta desde quando era Senador — e Emmanuel Macron, respectivamente. Além disso, por ser uma política já adotada previamente na Colômbia, é uma pátria que já conhece os efeitos devastadores da substância, com inúmeros casos de doenças associadas à borrifação dela, inclusive abortos involuntários.
O ministro da Defesa colombiano, Diego Molano, ainda declarou que é ordem constitucional que os militares desenvolvam operações que garantam a segurança do povo, quando questionado sobre a ação. Entretanto, não está claro como a vaporização de veneno puro em uma zona enorme de seu país estaria classificada como “proteção” e não um crime contra a humanidade.
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