Por Ítana Santos
O futebol feminino no Brasil nunca foi uma modalidade totalmente desconhecida e nem ofuscada. Há anos temos grandes nomes no cenário mundial como Marta, Cristiane, Andressa Alves, Sissi, Formiga, Pretinha, Milene Domingues, Roseli, entre tantas outras estrelas que mantiveram o brilho da categoria. O problema por aqui são os anos que as mulheres foram proibidas por lei a jogar a modalidade, o preconceito que ainda existe, o baixo investimento e a vergonhosa cobertura da grande mídia. Nós temos um esporte amado pelo mundo todo, grandes representantes, bons campeonatos, um produto de ouro para a imprensa que prefere reportar o mínimo.
Navegue por alguns sites de esporte que fazem cobertura nacional e analise a facilidade por encontrar as matérias sobre o futebol feminino. O GE, página esportiva da Globo, por exemplo, não há a modalidade em nenhum espaço do seu menu. Na home principal são raros os conteúdos relacionados a categoria e quando possuem são de grandes eventos, ou seja, finais grandes ou eventos mundiais. Para achar algo por lá é necessário pesquisar por “futebol feminino” na ferramenta de buscas. Outro grande site no país que apresenta o mesmo descaso é a ESPN. Conteúdo desse tipo somente pela ferramenta de buscas. Um pior? Sites da Band (aberto ou sports), que além de apresentarem essas falhas é um canal que brigou a poucos dias atrás, e conseguiu, pela transmissão da Copa Libertadores Feminina 2020.
O assunto transmissão também é polêmico. Em oito edições da Copa do Mundo de futebol feminino somente a última, em 2019, foi transmitida nacionalmente. A derrota da seleção canarinha para a França no mundial foi assistida por 30 milhões de telespectadores na tela da Globo, atingindo 30 pontos de audiência. Campeonatos estaduais, nacionais e continentais vinham nos últimos três anos buscando outras alternativas para transmitir as partidas. O Twitter, uma das plataformas parceiras, foi o espaço que mais deu força à competição brasileira. No Brasileirão 2019, foram 107.305 views por partida, enquanto esse ano foram 319.771, de acordo com a CBF. O segundo jogo do Dérbi Paulista registrou sozinho 1.583.850 views. Mesmo com ótimos números, a maioria dos canais preferiram transmitir campeonatos estrangeiros como italiano, russo, ou fechar contratos com clubes masculinos a todo custo ao invés de aproveitar a onda ascendente do feminino no país.
Deste modo, se hoje o futebol feminino não está nas conversas esportivas como outros grandes esportes do país, o problema não são só os erros do passado, mas os do presente. A mídia possui um grande produto nas mãos, um verdadeiro ouro, que muitos desejam acompanhar e outros a se apaixonarem. Facilitando o acesso a informação em seus principais canais e investindo em transmissão mais acessível essa modalidade tem total força para gerar lucros próximos a qualquer outra competição esportiva.
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