Em pleno ano eleitoral, a bomba de inflação deixada pelo governo Bolsonaro refletirá no próximo governo
Por Julia Silva
O ano de 2021 apresentou a maior alta de inflação desde o governo de Dilma Rousseff em 2015, fechado em dezembro com 10,06%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador de inflação no país.
Com o impacto da pandemia, a economia fragilizou seu cenário em função do fechamento de comércios para o controle da saúde nacional. A mão de obra, principalmente proveniente da classe trabalhadora, impedida de trabalhar, gerou a diminuição de oferta dos serviços e produtos gerados por elas. Logo, o desemprego sobressaiu em fator desse efeito inflacionário, sendo outro agravante do gerenciamento econômico.
A covid-19 proporcionou a disparada do dólar e a queda da bolsa de valores não só do Brasil, mas de vários outros países, tendo em vista os atrasos nas vacinas e as restrições do comércio internacional. “A bolsa é nada mais do que um reflexo do valor das empresas no mercado, naturalmente, com a escassez do petróleo, todos tiveram que usar mais gás natural, com a demanda subindo, o que tem que acontecer nesse sentido é procurar novas alternativas” aponta Sérgio Vitor, Economista e Delegado municipal do Corecon (Conselho Regional de Economia de SP).
O dólar comercial aumentou nos últimos anos principalmente pela mobilidade da balança comercial, considerando os gastos do Brasil maiores do que suas vendas internacionalmente. Além disso, a taxa de juros sofreu diversas alterações no ano de 2021 para o controle da inflação, influenciando no preço do dólar e dos investimentos dentro e fora do país. Da mesma forma, ocorreu a falta de aplicações de capital em mercados brasileiros, e consequentemente, menor circulação de dólar no país, a moeda portanto subiu o preço.
A desvalorização do real é outro fator notório dos impasses na economia, sendo vista pelas incertezas e o desbalanço da taxa de juros. Assim, os preços das commodities (matéria prima dos produtos, como: petróleo, milho, soja, açúcar, etc...) são, de certa forma, melhor investidas nos produtores de mercado externo, pois a demanda internacional e a desvalorização do Real são de melhor benefício de investimento para fora do país, pois o valor será baixo para quem a comprar, e alto para quem vender. Em consequência, os preços dos produtos dentro do país sobem, por menos disponibilidade, ou seja, quanto menos acessibilidade de mercadoria, maior o valor e, consequentemente, quanto mais acesso, menos a se pagar.
Por outro lado, há também outras causas para a inflação ocorrer, como a falta de produção interna do produto final, ou seja, as matérias primas são exportadas para que possamos comprar a mercadoria pronta de outros países. Assim, com a moeda desvalorizada e a alta do dólar, o Brasil gasta mais do que vende, gerando prejuízo. Portanto, o fluxo externo interfere no bolso dos brasileiros de maneira direta, trazendo o aumento de preços de alimentos, passagem aérea, gasolina, automóveis e imóveis.
A falta de chuvas também desfavoreceu a economia no ano de 2021 por afetar principalmente o uso das termoelétricas que geram energia para o Brasil todo, além da escassez de água devido as mudanças climáticas, que consequentemente, contribuíram para o aumento do preço de energia e água nas residências brasileiras. Os principal fator para que essa carência dos recursos tenha acontecido é o aumento do desmatamento, especialmente em áreas da mata atlântica, onde mantem o ciclo hidrológico do ecossistema. Além disso, outro fator prejudicial é a desregulamentação de políticas ambientais vistas no ano de 2021, em que ocorreu o aumento das aprovações de normas lesivas ao meio ambiente como a lei “PL da Grilagem”, que segundo o Jornal da USP, autoriza a ocupação de terras públicas, facilitando as ações de grileiros e criminosos ambientais.
O desmatamento de áreas ecológicas leva à destruição de recursos ambientais, causando prejuízos futuros que são vistos pela economia de 2021. O ano também foi marcado pelos desastres naturais, como as chuvas intensas ocorridas nos estados de Minas Gerais e Bahia, a qual 30 mil pessoas foram desabrigadas. Certamente, a falta de estruturação das casas nas áreas de risco é o principal fator para destruições das moradias, resultando no prejuízo de R$ 1,3 bilhões, segundo a Confederação Nacional de Munícipios.
É de grande valia ressaltar também que em meio ao ano desfavorável a renda e patrimônio dos brasileiros, principalmente de populações mais pobres, a pequena parcela de grupos multimilionários do país cresceu significativamente. Segundo a revista Forbes, o país ganhou 40 novos representantes de acumulação de riqueza. É evidente que a inflação atingiu diferentes classes sociais, principalmente pelo desemprego por parte da população trabalhadora e o fim de comércios menores, enquanto multinacionais dispararam em ações, favorecendo a desigualdade.
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