Por Duda Yamaguchi
Além dos Ecrãs
Desde o início da pandemia de Covid-19, o cinema se firmou como um dos grandes setores afetados pelas medidas de isolamento social. Sem bilheterias presenciais, os estúdios encontraram, nas plataformas de streaming, a possibilidade de lançar produções que ficaram paradas nesse processo. Foi o caso de Viúva Negra (2021), longa que faz parte do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) e foi disponibilizado, simultaneamente, nos cinemas e na plataforma Disney+ por um valor adicional. A briga, entretanto, não ficou restrita para a personagem de Scarlett Johansson nas telas, tornando-se pauta de processos e impactando futuros lançamentos da empresa.
A trama de origem da amada heroína estava programada, em tempos iniciais, para 2020, e serviria como despedida da Vingadora. Além dos problemas de timing do filme - que, não necessariamente, foi afetado pela pandemia -, o atraso levou à decisão de lançá-lo pelo Premier Access, um serviço dentro do streaming, em que o usuário pagaria um valor além da assinatura para acessar o conteúdo. Johansson não se viu contemplada nesse processo, alegando se sentir lesada em termos financeiros e em relação ao uso de sua própria imagem.
Combate e processos
Em junho, a atriz processou a Disney com a alegação de que a empresa estaria violando o contrato, ao lançar o filme também no Disney+. Tal estratégia teria reduzido o valor que Johansson receberia, atrelado às bilheterias mundiais. De acordo com a queixa, apresentada no Tribunal Superior de Los Angeles, a tentativa da empresa era direcionar o público para a plataforma, “Onde poderia manter as receitas para si mesma e, ao mesmo tempo, aumentar a base de assinantes da Disney+, uma forma comprovada de aumentar o preço das ações da Disney. Em segundo lugar, a Disney quis desvalorizar substancialmente o acordo da Sra. Johansson e, assim, enriquecer”.
Como resposta imediata, a empresa do Mickey enviou um comunicado ao jornal The New York Times, afirmando que o processo de Scarlett "Não tem qualquer mérito" e que ele é "Triste e inquietante em seu completo desprezo aos efeitos globais terríveis e prolongados da pandemia de Covid-19". Ainda, dizia que teria cumprido totalmente seu contrato com a atriz e que o lançamento no Premier Access teria aumentado significativamente a possibilidade de ganhos adicionais, além do que já havia recebido até agora.
A contestação, entretanto, não agradou a todos. Informações e rumores apontam que Kevin Feige, o diretor da Marvel, teria saído em defesa da atriz que interpreta a Viúva Negra, e que outros artistas também estariam iniciando processos similares, como Emma Stone, de Cruella (2021).
Impactos futuros
Na última semana, o CEO da Disney, Bob Chapek, pronunciou-se pela primeira vez em uma declaração durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre, como informou a Variety. Segundo o líder da companhia, a equipe de distribuição e os responsáveis teriam determinado que essa seria a “estratégia certa para nos permitir alcançar o maior público possível”. Além disso, teria descrito essa briga jurídica de Johansson como uma “anomalia”, e que estavam trabalhando, de forma justa, para que todos se sintam satisfeitos.
Entretanto, o executivo anunciou, também, o já esperado fim do serviço de Premier Access. De acordo com Chapek, na mesma teleconferência, a decisão foi tomada por conta do aumento de casos da variante Delta, da Covid-19, já que a nova leva do vírus tornou impossível a criação de novas estratégias de última hora. Porém, a dúvida permanece: será que a mudança seria apenas por conta da pandemia? Ou teria sido impactada pelo processo de Johansson?
De todo jeito, para assistir aos próximos lançamentos, o público precisará escolher: ir aos cinemas ou esperar o filme chegar ao Disney+, 45 dias depois da estreia nas telonas. Independente da forma, a briga continua - e mesmo com o avanço da vacinação em todo o mundo, os cuidados e a segurança também devem ser prioridade.
Quer saber mais? Assista ao vídeo completo no canal do Além dos Ecrãs no YouTube:
Comments