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Por que ler autoras latino-americanas?

Por Coletivo Acolhidas


Quando somos introduzidos à autoras que pensam a luta pelos direitos das mulheres alguns nomes aparecem naturalmente: Simone de Beauvoir, Naomi Wolf, Virgínia Woolf, Judith Butler, entre outras escritoras de obras conhecidas. Sem dúvida, essas mulheres escreveram grandes contribuições para o pensamento feminista em diferentes fases de sua constituição, porém, não podemos sintetizar as diferentes realidades de mulheres ao redor do mundo em uma literatura centrada nas demandas de países europeus e norte-americanos.


Nessa perspectiva, vem se fortalecendo a linha teórica do feminismo decolonial. Nela, o objetivo é refletir a categoria de gênero sempre relacionada aos recortes de classe, raça e etnia, assim evidenciando a pluralidade dos corpos abarcados pelo signo “mulher”. É de grande importância a contribuição de pensadoras latino-americanas que formularam uma bibliografia rica em análises das especificidades das sociedades pós-coloniais na américa latina.


Um exemplo dessas obras essenciais no cenário brasileiro é a da autora Lélia Gonzalez, nome de destaque para o movimento feminista negro no país. Nos escritos de Lélia é possível encontrar uma análise rica da formação da sociedade capitalista brasileira e a constituição das relações de gênero, raça e classe no curso da história do Brasil.


Recentemente, em 2020, a editora Zahar publicou a coletânea intitulada “Por um feminismo afro-latino-americano” que reúne ensaios, intervenções e diálogos da autora brasileira. O livro traz estampado o reconhecimento internacional de Lélia com a frase de Angela Davis presente na capa traseira: “Eu sinto que estou sendo escolhida para representar o feminismo negro. E por que aqui no Brasil vocês precisam buscar essa referência nos Estados Unidos? Acho que aprendi mais com Lélia Gonzalez do que vocês aprenderão comigo”.


Nos dias de hoje, um dos maiores nomes do pensamento feminista decolonial brasileiro é Djamila Ribeiro. A autora dos livros “Quem tem medo do feminismo negro?”, “O que é lugar de fala?” e “Pequeno manual antirracista” contribuiu de maneira inegável para tornar o debate feminista decolonia público e seus escritos são um excelente ponto de partida para entender questões básicas que permeiam a sociedade brasileira.


Entre outras diversas autoras essenciais, divulgar, fortalecer e pensar a realidade em que estamos inseridos a partir dos apontamentos dessas estudiosas é mais que necessário para um projeto de sociedade justa. Em especial, para entender a configuração das relações sociais de gênero, classe e raça no Brasil, as autoras latino-americanas são indispensáveis. Portanto, o cenário da América Latina é produtora de conhecimento, tais produções também devem surgir espontaneamente em nossos pensamentos quando pensamos na luta feminista.



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