Por Coletivo Acolhidas
Para o encerramento de um bom ciclo com diversas matérias sobre temas extremamente relevantes e enriquecedores o Coletivo Acolhidas resolveu expandir para entender a mulher e ser mulher sobre a visão e a resposta de indivíduos singulares e que têm diferentes percepções sobre a vivência humana feminina do cotidiano e a vivência humana coletiva.
A autora e pensadora sobre o feminismo Simone de Beauvoir diz: Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Segue entrevistas com mulheres diferentes entre si e únicas em sua essência.
Ana Paula Leôncio – mãe aos dezenove anos, empresária, trabalha desde os dezoito anos. Fez parte de diversas empresas coorporativas e hoje abriu sua própria sendo a única mulher entre cinco sócios.
- O que é ser mulher para você?
Responder a essa pergunta parece simples. Porém, é mais complexo do que se imagina. Pra mim ser mulher tem um único significado, o da ressignificação, pelo simples fato de tentarmos sempre transformar coisas ruins, situações desastrosas em algo melhor pra nossas vidas e os do que nos cercam. É sempre acreditar, que tudo pode ter um recomeço.
- Como as mulheres da sua vida te mudaram?
As mulheres da minha vida mesmo sem saber, um dia me ensinaram o significado da palavra resiliência. Eu não sou forte o tempo todo (apesar de tentar), mas toda vez que caio, lá no fundo, bem no fundo do poço mesmo, eu não sei como, sempre vem uma força imensa pra eu recomeçar. Mesmo com dores e feridas.
- Como você, mulher, gostaria de ver a sociedade daqui uns anos e o que pode fazer para ajudar nisso?
Gostaria que as mulheres lutassem pelos seus direitos sem críticas severas, com discussões inteligentes, onde os pontos de vistas pudessem ser colocados a outras pessoas sem ofensas; gostaria que mães de menino criassem homens respeitosos e com princípios, para que as mulheres não precisassem implorar pra ter seu lugar respeitado e muito menos seu corpo; gostaria que todas as mulheres se sentissem fortes, mas que entendessem que está tudo bem chorar no banheiro. Gostaria que as mulheres mesmo querendo direitos iguais, se permitissem ser cuidadas, acalentadas (porque quando nós mostramos fortes o tempo todo, as pessoas se esquecem que também temos necessidades); Gostaria que os homens respeitassem mulheres como mulheres e não como um pedaço de carne. E que as mulheres não sintam mais medo de denunciar abusos, que não se sintam como medo de sair de relacionamentos que maltratam seu psicológico. Tem tanta coisa...
Mas pra que isso aconteça no futuro, mulheres com mais força e sabedoria, precisam ser mais empáticas e fortalecer umas às outras, não podemos continuar nos tratando como rivais, a nossa força e a força de nossas ações é o que com certeza fara com que o mundo um dia entenda nossa diferença.
Isadora Ferreira Borges Pereira – estudante do terceiro ano do ensino médio, irmã mais velha e pretende prestar direito na universidade federal de Uberlândia.
- O que é ser mulher para você?
Ser mulher pra mim é um desafio diário de não saber o que esperar de mais um dia em meio a uma sociedade machista, mas também é um sinônimo de força e luta.
- Como as mulheres da sua vida te mudaram?
As mulheres da minha vida sempre me passaram ensinamentos e exemplos de como ser uma mulher forte e confiante.
- Como você, mulher, gostaria de ver a sociedade daqui uns anos e o que pode fazer para ajudar nisso?
Gostaria de ver uma sociedade onde houvesse mais igualdade entre homens e mulheres e onde mulheres não tenham que sair de casa com medo do que podem passar.
Vitória Borba Menezes – discente da Universidade Federal de Uberlândia no curso de Direito, participa de diversos projetos relacionados ao direito penal, venho de Igarapava no interior de São Paulo.
- O que é ser mulher para você?
Ser mulher, (in)felizmente, virou sinônimo de resistência e de força para lidar com o medo constante de ser atacada ou desmerecida.
- Como as mulheres da sua vida te mudaram?
As mulheres da minha vida me deram inspiração e ânimo para seguir em frente
- Como você, mulher, gostaria de ver a sociedade daqui uns anos e o que pode fazer para ajudar nisso?
Gostaria de ver, mesmo que parece utópico, uma sociedade em que as mulheres não tenham medo e que possam ocupar os lugares que lhe são de merecimento. Creio que posso ajudar nisso lutando para ocupar meu espaço e ajudando aquelas que querem ocupar o seu.
Tatiane Alves Maciel Barbosa - 43 anos, Mestre em Linguística, formada em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia e também formada em Pedagogia, atua na coordenação pedagógica do Ensino Médio do Instituto Teresa Valsé
- O que é ser mulher para você?
Para mim, ser mulher é ser protagonista da vida com sensibilidade e fortaleza, além de exercer múltiplas funções e papéis na vida, no trabalho, na família, na sociedade...
- Como as mulheres da sua vida te mudaram?
São exemplos de fortaleza, coragem, trabalho, fé, amor. Sem dúvida, representam o poder que nós, mulheres, temos em nossas mãos, mentes e corações.
- Como você, mulher, gostaria de ver a sociedade daqui uns anos e o que pode fazer para ajudar nisso?
Um mundo mais humano, digno, justo. Podemos fazer isso educando filhos justos, éticos, democráticos, sem preconceitos. Também propagando ideias que fomentam esses valores.
Eliane Alves Maciel - 67 anos, mãe de quatro filhos, empresária, dona do Maciel Gás.
- O que é ser mulher para você?
Ser mulher é amor, é expressão de amor na família, na sociedade, onde quer que estejamos.
- Como as mulheres da sua vida te mudaram?
Me educando e encorajando a ser forte, a lutar por ideias, por espaço, por valorização. Antigamente era muito difícil uma mulher trabalhar fora de casa.
- Como você, mulher, gostaria de ver a sociedade daqui uns anos e o que pode fazer para ajudar nisso?
Uma sociedade justa, fraterna, que respeite todos, que valorize todos. Por meio da educação.
Ana Luiza Vieira Poli - 18 anos, estudante de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia.
- O que é ser mulher para você?
Devido a mesmo questões históricas, ser mulher é um sinônimo de força, onde temos que lutar por nossos direitos e igualdades na sociedade, como exemplo mercado de trabalho, e ao mesmo tempo ter a ternura e delicadeza para lidar com outros aspectos do dia a dia, exemplo da maternidade e relacionamento social como um todo. Então, para mim, ser mulher é uma mistura de sentimentos de garra e determinação com sensibilidade. “É se sentir mulher”.
- Como as mulheres da sua vida te mudaram?
Fico muito feliz e grata ao perceber que cresci e convivo com mulheres incríveis, cada uma representando um papel importante em sua própria geração e assim lidando com a vida de modos diferentes mas ao mesmo tempo com características semelhantes que me inspiram e me mudam a cada dia ao conversarmos sobre coisas rotineiras e reflexões sobre nós mesmas, bem como sobre a sociedade.
-Como você, mulher, gostaria de ver a sociedade daqui uns anos e o que pode fazer para ajudar nisso?
Gostaria de ver a sociedade mais igualitária. Mesmo que nas últimas décadas nós, mulheres, conquistamos grandes feitos, ainda acho que há muito o que se melhorar. Começando por assuntos pequenos no dia a dia, como uma brincadeira ou forma de falar, que constroem um pensar de desigualdade, os quais devem ser combatidos com educação nas novas gerações, para que assim haja uma luta por mais conquistas igualitária. Imagino uma sociedade harmônica, após, claro, lutas e combates a pré-conceitos que devem ser tomados.
Após esses pequenos bate papos com seis mulheres de diferentes idades e cotidianos, podemos perceber a importância de cada fala, de cada observação e o anseio de uma sociedade melhor, mais igualitária e fraterna. Buscamos trazer, nessas (e em outras mulheres), uma reflexão sobre o que é verdadeiramente ser mulher hoje em dia. E a importância da luta, da busca de melhorias.
Por isso, “Fragmentos de mulheres para mulheres” também busca trazer afeto ao pensar em mulheres que inspiraram e mudaram, de certa forma, vidas.
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