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A importante realização de Kayblack e Veigh ao conseguir desbancar o sertanejo do top 10

  • Foto do escritor: Senso Incomum
    Senso Incomum
  • 12 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

Por Vinicius Santos e Leonardo Piau


O estrondoso sucesso dos artistas rendeu-lhes a entrada no Top 50 de músicas mais reproduzidas no Spotify Brasil. | Foto: Captura de tela do celular.

É indiscutível que Kayblack e Veigh têm juntos os melhores lançamentos do ano. O primeiro com seu EP “Contradições”, conseguiu alocar seis de suas oito faixas, no TOP 50 de músicas mais tocadas no Spotify Brasil, o streaming de música mais famoso mundialmente. Seu segundo lançamento, “Dos Prédios Deluxe”, foi um especial do álbum anterior, lançado em 2022, que alcançou o marco de TOP 1 Global.

Mas, qual é o motivo de ambos possuírem uma presença tão grande atualmente?

O trap é um movimento que ganhou força entre 2016 e 2019, por artistas como Raffa Moreira e o surgimento do grupo Recayd Mob, os quais foram precursores do movimento. A partir disso, em 2020, o movimento já estava consolidado, então somente quem realmente era bom seria ouvido. Nessa época, também começou a intersecção do trap com o funk, um movimento em ascensão e outro já consolidado, o que gerou um estilo intensamente apreciado pelo gueto.

Ambos os movimentos têm sua origem no Brasil. Os dois vieram de uma cultura periférica e se difundiram para todos no país. Diversos artistas, a partir de 2020 modificaram suas características e saíram do funk, com o intuito de unir os gêneros, um desses artistas foi o Kayblack. Tal escolha foi crucial para sua carreira, visto que no mesmo ano de sua decisão ele lançou “Bandido mal” e “Ak forty seven”. Juntas, as obras já somam mais de 13 milhões de visualizações; vale ressaltar que, estamos falando de um "início" de carreira.

Já Veigh é um cantor que ganhou os streamings atualmente, sendo considerado o artista revelação de 2022, pois alcançou vários hits no ano com o álbum “Dos Prédios”. Diferente de Kayblack, o artista já começou a carreira no trap, porém, mesmo já carregando suas músicas nesse estilo, ele não tinha se encontrado musicalmente. Sua carreira alavancou com o lançamento de “Foto do Corte”, que lhe deu destaque nacional, já que está com mais de 8 milhões de acessos até o momento. Essa foi a primeira criação dele que passou de 1 milhão de visualizações.

Os dois artistas ingressaram em um espaço quente e sempre bem atencioso com as novas discografias, as quais estavam passando por cima de um tema melódico semelhante ao RyB e, na construção do Trap-funk. Ano passado, a própria Recayd lançou “Calzone tapes 3”, casando os dois estilos, o que gerou uma euforia nos ouvintes, fazendo-os alcançar o tão sonhado Top 50.


Agro é Tech, Agro é Pop, Agro não é tudo

Este ano de 2023 é de extrema importância para a cultura do Hip Hop. Um estilo que não recebe muito investimento para conseguir desbancar o sertanejo no país do agro é uma conquista incrível, ainda mais que seu público majoritário está às margens da sociedade, em contraponto com o outro estilo. O sertanejo é um estilo musical profundamente enraizado na cultura brasileira, especialmente, em áreas rurais e agrícolas. Sua temática lírica muitas vezes aborda o cotidiano, as histórias e os valores do campo, ressoando com uma parcela significativa da população, incluindo os agricultores.

Devido a esse enraizamento ao longo dos anos, eles são os primeiros a serem patrocinados e têm como base de financiamento o agronegócio. Um exemplo clássico é a cantora Ana Castela, que iniciou sua carreira em 2021 e desde então já alcançou o topo das paradas tanto no Spotify, quanto nas rádios em todo o Brasil, mais vezes do que posso contar pelos dedos das mãos. Ela ultrapassa o número de ouvintes mensais de cantoras consagradas do nicho, como Marília Mendonça. Além disso, ela grava um CD com uma estrutura melhor do que cantores que já estão há anos no mercado e têm prestígio.

A gravadora de Ana, AgroPlay, reflete muito bem o cenário atual. Todas as empresas do ramo da música sertaneja seguem o mesmo padrão. Elas investem pesado na divulgação do setor agropecuário, que com seu potencial econômico, pode investir em campanhas publicitárias, rádios, programas de TV e plataformas digitais para promover artistas e músicas sertanejas. Além disso, abrem espaço apenas para artistas do gênero em suas festas, eventos e festivais, como o rodeio brasileiro. Quem nunca ouviu falar do festival “Festa do Peão de Barretos”?

Portanto, para artistas de uma cultura marginalizada e de um gênero musical com pouco apelo social, como Kayblack e Veigh, conseguirem estar presentes e conquistarem seus lugares merecidos, mostram que talento e letras marcantes se sobressaem a grandes financiamentos e divulgação, como no caso do sertanejo. Provavelmente, daqui alguns anos, as portas se abrirão e os artistas poderão criar suas músicas sem cobrar.


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