Do RU ao Intercampi, o contingenciamento afeta a vida da comunidade universitária
Por Bruna Lie
A política de redução orçamentária adotada pelo Governo Federal fez com que os repasses financeiros para a UFU fossem reduzidos em 2015 e 2016, e serão menores em 2017. O orçamento das universidades federais tem sofrido cortes progressivos desde 2013. Naquele ano, apenas em investimentos, foram executados R$ 44 milhões pela UFU. Em 2015, foram R$ 20 milhões, quando a previsão era de pelo menos o dobro desse valor.
Em 2017, projeta-se um valor de R$ 15 milhões na Proposta de Lei Orçamentária Anual (Ploa). A instituição também perdeu 52 bolsas de alunos já selecionados no último edital de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica (PIBIC, PIBITI), além de interromper a assistência estudantil para alunos com renda entre um e um salário mínimo e meio.
Segundo o diretor de Orçamento da UFU, Alfredo Ferrão, o Governo não atingiu o índice de arrecadação esperado e, por isso, foi aplicada a contenção de recursos. “Isso atrapalha o planejamento da Universidade. O corte mais significativo foi em investimentos, o que acaba interrompendo obras, especialmente nos campi avançados”, afirma Ferrão.
De acordo com a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil, a UFU oferece mais de 7 mil bolsas. Esses recursos são do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que cresceu nos últimos anos, mas não acompanhou a demanda de alunos que precisam de auxílio. Ações de incentivo ao esporte ou assistência psicológica também são feitas com recursos da assistência estudantil.
O pró-Reitor de Assistência Estudantil, Leonardo Barbosa, explica que a situação é grave e coloca em xeque a permanência de estudantes com vulnerabilidade social. “Hoje, nós temos a necessidade de cortar bolsas. É uma situação triste e pode causar a evasão de muitos estudantes que dependem desse auxílio”, ressalta Barbosa.
Impacto em outros campi
A situação do orçamento também afeta os Campi fora de Uberlândia. Ferrão explica que a distribuição dos recursos entre campi atendem as exigências da Lei Orçamentária Anual e do próprio planejamento da Universidade. “Esses valores são calculados com base no número de funcionários, gastos com a administração, obras, serviços, e demais fatores. São cálculos feitos com embasamento e isenção. E também estão sujeitos ao contingenciamento”, destaca Ferrão.
No caso da Assistência Estudantil, Barbosa explica que cada campus tem o seu perfil de estudantes, e cita o exemplo de Monte Carmelo. “Nós temos muitos estudantes bolsistas lá, porque a vulnerabilidade social da cidade é maior que em Uberlândia, ou Patos de Minas e Ituiutaba, por exemplo. Depende do perfil de cada localidade. Caso haja um impacto nesses recursos, os primeiros a sentir os efeitos são aqueles que mais dependem o auxílio”, finaliza Barbosa.
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