Por Janaina Bernardino
Communicare Jr.
Na última quinta-feira, 13 de maio – data que representa a abolição da escravatura –, refleti a importância de iniciativas que protagonizam a autonomia de corpos negros, e em como elas desmitificam a tal abolição (que muitos acreditam ter sido feita como uma causa nobre). Eu quero falar de abolição, mas com trabalho, renda e oportunidades. Quero falar sobre a construção de um futuro preto. Portanto, inicio este texto com um questionamento: você conhece o Movimento Black Money (MBM)?
O movimento foi idealizado por Nina Silva, ativista e especialista em tecnologia da informação. Eleita uma das 100 mulheres mais influentes do mundo pelo ranking da organização Most Influential People of African Descent (MIPAD), ela, ao lado de seu parceiro, Alan Soares, tirou o conceito do papel e o concretizou. Essa parceria não apenas gerou mais renda, mas também um projeto marcado por um forte papel de representatividade.
Em um universo majoritariamente branco e masculinizado, Nina decidiu fazer uma afronta à cadeia discriminatória do mercado, utilizando-se do movimento como uma ferramenta de ascensão e de representação para romper com a falta de singularidade econômica da comunidade preta. A iniciativa busca promover uma postura empoderada, de permitir que os membros dessa comunidade se reconheçam nos produtos que consomem, mas também possam comprar e vender de outras pessoas pretas.
O Black Money tem como enfoque maior evidenciar a potencialidade e autonomia da população negra, tirando-a de um lugar de história única e trazendo uma ressignificação de contextos. Essa dinâmica faz um trabalho de base para os seus e pelos seus, colocando em evidência pautas educacionais que colaboram para a inclusão financeira e inserção das pessoas no mercado empreendedor – assim, mantendo o capital dentro da comunidade.
A iniciativa oferece aos afroempreendedores recursos para que eles possam legitimar as trajetórias de seus negócios, formar redes de relacionamento e se potencializar educacionalmente com cursos focados em aprendizado tecnológico. Para fortalecer não só o conceito, mas tudo o que ele representa, o MBM investiu em uma rede conhecida como D’Black Bank. Trata-se de uma maneira de conectar consumidores e empresários, inovando e otimizando essa união.
Além disso, o MBM inclui ainda um marketplace, o Mercado Black Money, cujo intuito é reunir e dar suporte a empreendedores negros. O Mercado é também um espaço de coletividade em que o afroafeto, o apoio e o reconhecimento são bases que evidenciam pessoas pretas como protagonistas de seu capital e líderes de seus respectivos negócios. Por último, o Mercado Black Money representa o posicionamento físico da marca, que se mostra de forma potente e com muita seriedade. Liberdade é isso!
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