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O Oscar da pandemia

Por Guilherme Dezopa


Sem apresentador. Sem plateia. Sem Dolby Theater. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tomou uma série de medidas contra a Covid-19 para que a cerimônia de entrega do Oscar 2021 acontecesse com as grandes estrelas do cinema presentes. Deu certo... mas depende. A tentativa de manter a alma glamurosa da celebração não foi o bastante para cativar o público, e a edição deste ano marcou a pior audiência em 93 anos de realização.


Foto: Divulgação/Oscar

Uma das novidades da cerimônia foi a produção do cineasta Steven Soderbergh, diretor de clássicos como Traffic: Ninguém Sai Limpo e Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento, que deu um tom cinematográfico para ao evento: a premiação teve uma abertura semelhante à sequência inicial de um filme, inclusive em termos de coreografia de câmeras e de lentes de gravação. A dinâmica trazida por Soderbergh foi interessante e inovadora, mas não compensou o grande erro da noite. Guarde essa informação.


Quanto aos vencedores, Nomadland foi o grande destaque da noite. O longa, que retrata os nômades da terceira idade dos Estados Unidos pós-crise de 2008, saiu com os prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz para Frances McDormand e Melhor Direção para a chinesa Chloe Zhao -- que, inclusive, se tornou a segunda mulher e a primeira de descendência asiática a vencer na categoria em toda a história. Os outros destaques ficam para a diretora Emerald Fennell, que venceu na categoria Melhor Roteiro Original por Bela Vingança, o hit da temporada, e Meu Pai, a grande surpresa da cerimônia.


Meu Pai, produção de Florian Zeller estrelada por Anthony Hopkins e Olivia Colman, aborda os impactos do Alzheimer na vida de quem é acometido pela doença. O filme estava indicado em seis categorias e levou Melhor Roteiro Adaptado, vencendo o favorito Nomadland. Além disso, protagonizou a grande surpresa da noite: a coroação de Hopkins como Melhor Ator, superando o favoritismo absoluto de Chadwick Boseman por A Voz Suprema do Blues. E é aqui que a coisa se complica.


Boseman foi o grande vencedor em todas as principais premiações prévias ao Oscar. As vitórias póstumas do ator, que nos deixou em agosto de 2020 em decorrência de um câncer, foram marcadas por discursos emocionantes de sua viúva, Simone Boseman. Na tentativa de finalizar a cerimônia deste ano com toda essa emoção -- e considerando a vitória de Boseman como certa --, Soderbergh resolveu finalizar o evento com a categoria de Melhor Ator, e não com Melhor Filme, como manda a tradição. Essa foi a segunda vez na história que isso aconteceu.


Resultado: após revelar a vitória de Hopkins, que não estava presente na premiação, o ator Joaquin Phoenix simplesmente deixou o palco e a festa se encerrou. Sem discurso, sem emoção, com o pior desfecho na história do Oscar. Mais tarde, o jornal The Guardian revelou que Olivia Colman estava pronta para agradecer a consagração do seu parceiro de cena de Meu Pai, mas a Academia não informou Phoenix e deixou a atriz plantada em frente a uma câmera direto de Londres. Assim acabou a cerimônia de 2021... E que bom que acabou!


Confira a live com a cobertura do evento no canal do Além dos Ecrãs no YouTube





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