Por Brenda Mesquita
Communicare Jr.
Em uma sociedade onde os jovens são constantemente postos à prova, surge uma necessidade de cada um ser a sua melhor versão, custe o que custar, para alcançar esse patamar. Isso gera uma sensação de impotência e dá origem a um parâmetro de sucesso inalcançável e irreal.
Como esses parâmetros são modificados com frequência, tornando-se cada vez mais e mais surreais, as pessoas passam a viver com o sentimento de atraso – e, por isso, começam a pensar demais no futuro. Mas, afinal, qual será o preço de se viver no amanhã?
Hoje, muitos correm contra o tempo na tentativa de viver um amanhã livre de preocupações, sejam elas de cunho financeiro ou psíquico. É por essas e outras que certas doenças psicológicas, como ansiedade e depressão, se tornaram mais comuns do que imaginamos. Sem contar que ignoramos o fato de que o ambiente no qual convivemos com outras pessoas é extremamente tóxico e instável. Para se ter uma ideia, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) indica que, durante a pandemia do novo coronavírus, o Brasil vem liderando o ranking de casos de ansiedade e depressão, com 63% e 59% da população sendo afetada pelas doenças, respectivamente.
A crescente necessidade de ser "imbatível", de ir além do ponto que a última geração foi capaz de alcançar, se transformou em um problema no século XXI. Vivemos a era do amanhã, mas não nos lembramos do agora. Como as expectativas são maiores em cima da conhecida Geração Z, todos os que vieram depois sofrem com as consequências dessas esperanças. "São eles que vieram para mudar e revolucionar"... mas quem cuidará deles? Essa ainda é a grande questão a ser solucionada.
A palavra "procrastinação" foi ressignificada em função desse fenômeno. Inclusive, pode ser que muitos até desconheçam o seu real sentido. Agora sendo utilizada como medidor dos esforços alheios, o verbo "procrastinar" cai como um peso nas costas dos jovens adultos. É uma espécie de corrente, que aprisiona aqueles que não andam como a conduta imposta pela sociedade capitalista moderna.
Ainda que, de certa forma, a ideia de "por que fazer amanhã o que você pode fazer hoje?" preocupe aqueles que controlam o sistema, nenhum trabalhador parece ter o direito fazer amanhã o que deveria fazer hoje. Isso é o que ainda sustenta esse discurso fictício e meritocrático, onde só os que lutam e não desistem são capazes de alcançar o que querem. Até quando viveremos o futuro e nos esqueceremos do presente? Seremos nós capazes de compreender o preço desse amanhã?
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