Por Suianne Gonçalves de Souza
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Ela sempre foi o tipo de pessoa que sonha acordada, talvez isso seja resultado de uma infância regada a filmes clichês na sessão da tarde e uma leve obsessão por livros de romance. Mas cara, como é difícil ser romântica! Dizem que “Parece ironia querer viver um amor no século da putaria” e realmente é, o problema não é o século: ela não nasceu na época errada nem nada disso; ser romântico sempre foi difícil. Pegue como exemplo o desafortunado Jovem Werther, o coitado do Gatsby ou a pobre Louisa Clark, no final todos acabaram mortos ou sofrendo.
Para alguém que cresceu acreditando nos romances, admitir que eles nem sempre funcionam é dolorido. No primeiro relacionamento ela pensou que tudo seria perfeito, afinal “Ele é o amor da minha vida!”;mas não é tudo perfeito e tudo bem. Os dois se machucam, terminam, choram e mesmo achando que não conseguiria ela segue sua vida. Deu errado, mas qual o problema? Lily Collins também passou por vários perrengues antes de terminar com Sam Claflin em “Simplesmente acontece”, então ela também pode achar seu Sam no final, né?
Acontece que não é simples assim, pois os problemas nunca acabam. Dois anos de isolamento e ela não sabe mais se comunicar com outras pessoas que não sejam seus pais e três ou quatro amigos próximos. Quando fala com outra pessoa de novo ela jura que vai levar as coisas com calma. Ele é fofo, engraçado e pensa o mesmo que ela, ele é “O cara”! Mas, ele não está pronto e ela sabe que também não está, mesmo assim dói.
Tudo bem, ela sobrevive. O problema agora é que as pessoas estão saindo de novo, suas amigas a levam em festas; ela não sabe flertar, não sabe lidar com gente se agarrando do seu lado e mesmo assim tenta. Essa deveria ser a idade em que ela só quer sair e aproveitar a vida. Quando está em casa só consegue pensar “Meu deus! Como eu queria uma festa!”, e quando está em uma festa acha que não se encaixa ali, as pessoas são legais, o clima é bom; mas tudo te parece meio vazio, falta algo e então ela vê o casal da roda de amigos e pensa: “Meu deus eu só queria um chamego pra assistir Brooklyn Nine Nine”. E se alguém chega nela? Ela trava, não sabe o que dizer e acha melhor dar um jeito de sumir dali.
Ela segue assim, e é difícil demais começar a conhecer alguém de novo; é exaustivo e provavelmente não vai dar certo, porém a vida de solteira não lhe serve, ela nunca sabe como agir e o que dizer. Assim, ela começa a perceber que, talvez, nem tudo se resuma a romance. Nos livros e nas telas é lindo, mas na vida real é complicado e doloroso. Ela percebe que foi enganada pela indústria; afinal todos foram, e decide que não quer ir atrás de nada, prefere viver o amor pelas palavras dos outros e descobre que não tem tanta necessidade dele como achava.
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