Por Túlio Daniel
Blog 4Estações
Existem alguns fatores que mantêm a carreira de um cantor ou artista musical. O primeiro deles, sem dúvida, é a própria música e capacidade dela de viralizar e estar presente em todos os lugares. O segundo, é o investimento. Há quem tenha sorte e quem tenha talento. Um bom investimento ou apadrinhamento, sem sombra de dúvidas, é fundamental para se manter no meio artístico. E por fim, e não menos importante, o terceiro fator são os fãs.
Os fã clubes possuem um papel fundamental na carreira de qualquer artista. Mesmo que uma pessoa faça música apenas almejando sucesso e dinheiro, no fundo, as músicas são feitas para os fãs. São eles que deixam o nome do artista no topo, que fazem mutirões quando há um lançamento e que se desdobram dando engajamento e audiência para o sucesso do ídolo continuar.
Esse movimento de admiração existe desde que músico é músico. Quando juntos, os fãs podem alcançar números e recordes absurdos e, por mais que o artista seja bom, boa parte, se não a maior, do sucesso é por causa do esforço dos fãs.
Lá fora existe um movimento muito forte e até admirável de fã clubes. Sejam os Little Monsters, fãs da Lady Gaga, os Armys, fãs do BTS ou os Beliebers, fãs do Justin Bieber. Essas pessoas apaixonadas por seus ídolos fazem loucuras para não apenas verem os artistas, mas para os prestigiarem. Seja passando dias na fila de um show, brigando com outros fã clubes ou fazendo mutirões para a música preferida chegar no topo dos charts.
Porém, por que temos preconceito e criticamos o mesmo tipo de movimento aqui no Brasil? A discussão se dá principalmente por causa do primeiro e recente lançamento do EP de Juliette. Os Cactos, como são conhecidos os fãs da cantora, se juntaram no começo do ano quando ela ainda participava do Big Brother Brasil e o movimento continuou até ela se efetivar como cantora. Antes mesmo do lançamento de Juliette, o EP já batia recordes. Só no pré-save foram mais de 600 mil acessos e se tornou a melhor estreia nacional do Spotify Brasil, com quase 6 milhões de streams em 24 horas.
E porque os Cactos são criticados? Por que atacam nas redes sociais quem não gosta da cantora? Que fã clube não faz isso? E não, não sou um cacto, apenas vejo um movimento preconceituoso em relação a tudo que é nacional. Ou vocês esqueceram como os Anitters foram atacados no começo e hoje a Anitta é a principal artista nacional? Será que o preconceito é por causa dos fãs ou porque uma cantora é nordestina e a outra veio do funk?
Infelizmente isso vai além da música. É um estrangeirismo implantado no país em que o sentimento de colonialismo ainda se mantém. Tudo que é internacional é melhor, mais bonito, importante e tudo que é nacional é feio, vergonhoso. Enquanto não valorizarmos nossa própria cultura e acharmos que tudo que fazemos no Brasil é inferior, continuaremos sendo uma simples colônia que se deita diante movimentos internacionais que também são grandiosos e importantes no país.
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