Por Giovanna Abelha
Grupo Narra
“Serial Experiments Lain”, uma série de anime (animação japonesa), se inicia com diversas meninas em um colégio recebendo uma inesperada mensagem de uma colega de turma que havia se suicidado. Lain Iwakura, uma introvertida menina da turma, descobre que também havia recebido o e-mail de Chisa Yomoda, pelo qual revelava não estar morta. Nele, ela dizia que apenas abandonara seu corpo físico e agora se encontra viva dentro do mundo da “Wired” (análogo ao que conhecemos por Internet).
Lain logo busca mais sobre essa experiência extracorpórea virtualizada da qual Chisa conta, ao passo em que um subsequente e misterioso desenrolar de acontecimentos se dá à sua volta. E tentando entender a Wired, Lain começa a ver sua realidade tomar outra forma, presenciando a convergência entre o seu eu físico com o virtual, em uma intensa confusão de múltiplas identidades e perda da individualidade.
A história traz uma discussão interessante e muito atual sobre identidade e virtualidade, construindo uma narrativa que aprofunda em temas que vão muito além dos emblemático andróides presentes no cyberpunk — subgênero da ficção científica que propõe um futuro distópico, sobre uma sociedade interligada pelo ciberespaço e marcada por intensos avanços tecnológicos, hibridização do ser humano e máquina, cultura hacker e grande marginalização social.
Por isso, o anime de 1998 é um marco dentro do subgênero: traduz muito bem como estaríamos caminhando para uma “hiper-realidade”, devido aos avanços tecnológicos. A produção de Chiaki J. Konaka fala de um mundo virtual que se transforma em um grande cérebro coletivo, que conecta a mente de todas as pessoas dentro do ciberespaço e existe para além das barreiras físicas e subjetivas. E hoje a internet possibilita um emaranhado de interações que superam o tempo-espaço.
Por meio do digital, o real e virtual se confundem a ponto de se tornarem uma só realidade, um novo mundo. Dessa forma, o anime nos faz pensar: será que nossa sociedade está caminhando para uma nova forma de existência?
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Esse texto foi feito em conexão com o projeto de extensão do Narra no Instagram. Para conhecer os conteúdos do projeto, acesse o perfil. E para saber mais sobre o grupo, acesse o site.
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