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Vestindo a camisa do time

Por Ana Thommen e Suianne Souza


Ana Carolina Silva é atleta do time de vôlei da Associação Atlética Acadêmica Humanas. | Foto: Acervo pessoal

“Por que faço isso comigo mesma?”

São dez horas da manhã de um sábado frio, mas ensolarado, e essa pergunta roda na minha cabeça se misturando a outras centenas de pensamentos. O ponto é que são dez horas da manhã e estou indo para meu segundo jogo de vôlei do dia, já pensando no jogo de basquete que vai acontecer mais tarde.

A caminho da quadra em que vai acontecer o amistoso, me recordo o quanto gosto de esporte, como ele é parte de mim e da minha vida desde que consigo me lembrar. Sem nem perceber, ainda muito nova, me tornei multiatleta: jogadora de vôlei, basquete, lutadora de jiu-jitsu, judô e o que fosse aparecendo eu ia fazendo, simplesmente por gostar e me fazer bem.

Como a gente escuta em muitos lugares, o esporte tem muitos benefícios, pra saúde, pro corpo, te faz conhecer outras pessoas, ajuda com a disciplina, te dá oportunidades, mesmo que no Brasil a gente não viva uma realidade que realmente incentive essa prática. O que ninguém te conta é que também existem momentos de muitas dificuldades que você vai ter que enfrentar.

Hoje não sou atleta profissional, mas tenho orgulho em dizer que nunca abandonei a prática esportiva, inclusive é por causa dela que estou exausta em pleno sábado, mas dando tudo de mim pela atlética que se tornou meu refúgio desde que entrei para a faculdade. É exaustivo, sinto dores em todo o meu corpo e daria de tudo pela minha cama nesse momento? Com certeza. Quer dizer, imagine quantos trabalhos da faculdade eu poderia estar fazendo agora ou quantas horas a mais de descanso eu poderia ter tirado hoje.

Ser atleta já é difícil, mas quando você decide ser atleta durante a graduação descobre que as coisas sempre podem ficar mais complicadas. É do senso comum que a faculdade é um período incrível que vai acabar com você, são muitas responsabilidades e possibilidades que você não pode perder, pois cada uma poderia significar a mudança da sua carreira. Ao mesmo tempo, você está longe da sua família, amigos e pessoas que te cercaram a vida toda, em algum momento vai precisar começar a trabalhar, seja por causa do estágio que é obrigatório ou simplesmente pelo fato de que precisa pagar as próprias contas, afinal você é um jovem adulto agora e é isso que jovens adultos fazem.

E conseguir conciliar todas essas esferas da sua vida com a paixão pelos esportes é a parte mais difícil. Você vai deixar um trabalho pra fazer mais tarde durante semana para poder participar dos treinos, vai desistir de dormir até tarde aos sábados e domingos para participar de amistosos e ter que convencer seus professores de entregar uma atividade com atraso porque na data marcada você vai estar em um campeonato em outra cidade.

Tem gente que diz “Mas você pode simplesmente abrir mão dos esportes se é tão difícil”, essa é sempre uma opção que está ali no canto e que vai ser ignorada. Ninguém quer abrir mão daquilo que gosta, por mais difícil que seja, todo atleta ama o que faz. Os treinos e a energia depois da atividade física, a adrenalina de chegar e encontrar seu time, comemorar vestindo a camiseta da equipe, nos momentos bons ou ruins.

Essa talvez seja a melhor parte, você faz amizades. Claro, você conhece pessoas, mas mais que isso, essas pessoas em algum momento passam de meros desconhecidos para a família que você não tem mais por perto. Elas não são apenas seu time de vôlei que estão ali para te cobrir se você perder uma bola, elas vão estar ali se você quiser companhia para tomar uma cerveja no bar, ou quando você estiver cansada e precisando entregar um trabalho no outro dia.

Isso é o que faz todas as dificuldades valerem a pena e tudo fica mais fácil do que realmente é. Então no final, acho que sei sim porque faço isso comigo mesma, eu poderia até parar, mas no final qual seria o sentido de todo o resto?



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